Acordei com o bicho carpinteiro. Como de praxe, rolou os rituais matinais, concluídos com uma grande caneca de café preto. Ato contínuo, tomei as providências para restabelecer as certidões de habitabilidade do cafofo.
Recordei das últimas vezes que entrei em guerra com o velho fogão e a maledita panela de pressão e seus surtos. Não titubeei e imediatamente a enchi de feijão preto, torresmo e uma bela volta de linguiça calabresa. Disse a ela: hoje é o tira teima. Nos acertamos ou a jogarei pela janela desse quinto andar.
Depois de levá-la ou fogo, senti que algo mais deveria ser feito. Corri os olhos no congelador e lá no canto, cabisbaixo, avistei um recipiente com picadinhos de lá sei o que. Talvez seja aquele abortado projeto de estrogonofe que, por motivos de força maior (falta de habilidade do Mestre Cuca), há pelos menos de seis meses jaz esquecido. Percebi o brilho em seus olhos e o clima que pairou entre nós. Foi atração imediata, tanto que acabou na panela com azeite, alguns dentes de alho, batata inglesa, uma cabeça de cebola e um tanto de molho madeira pré preparado, só para ver no que iria dar. Para finalizar, meti noutra panela uma caneca de arroz para fechar o pacote.
Tudo transcorreu justo e quase perfeito. A panela de pressão entendeu quem manda na birosca. O picadinho se comportou bem. Somente o rebelde arroz quis dar uma queimadinha, mas acho que foi para avisar que era hora dos três realizarem um breve conclave na minhas entranhas, o que imediatamente providenciei…
Peço aos amigos que me desejem sorte e força para enfrentar o Platão Fiscal vespertino. Se porventura eu não der notícias, por favor acionem as autoridades, certamente terei me envenenado e estarei em LINS precisando de ajuda e, se não encontrado, certamente estarei nos Umbrais, sabe-se lá se descansado em paz ou não. Bom almoço a todos… ??